Os antigos centros comerciais e shoppings estão se tornando espaço de múltiplas soluções; deixando de ser apenas um lugar para compras e consumo para virar espaço de convivência. Tudo isso para chamar mais a atenção do consumidor, para mimá-lo com serviços, tecnologia e diversão. Para isso deixam o ambiente mais natural possível, com paisagismos e espaço de lazer e até investem em cinema para Pets.
Numa era de consumismo em que vivemos, gastar dinheiro comprando mais experiências, e não toda sorte de produtos para atender às necessidades subjetivas que promovam alguma satisfação pessoal, é uma tendência, não resta dúvida.
Foto: Odete Reis nas dependências do Google no Vale do Silício, Califórnia, em setembro de 2019.
A decisão de comprar experiências pode trazer uma felicidade mais intensa e duradoura ao indivíduo em comparação à de comprar produtos, revelam as pesquisas.
As pessoas cada vez mais buscam a felicidade comprando experiências. O prazer de uma viagem de aventura ou jantar inesquecível não se esgota em si. A alegria e a felicidade das realizações dessas experiencias começam muito antes, no planejamento – quando se pesquisa, por exemplo, toda a literatura do lugar dos sonhos, antes de sair de férias. Esta sensação de bem-estar continua depois por muito tempo na memória de quem a viveu, na hora que a experiência é narrada aos familiares e amigos e, ainda, quando divulgada nas redes sociais.
O cheiro do carro novo é uma delícia, mas ele dura em média três meses ou até começar a cobiça pela versão mais nova, pelo novo modelo. Já a experiência com a viagem dos sonhos dura a vida toda. Quem nunca se pegou contando com todo entusiasmo, aos amigos e parentes, aquela viagem dos sonhos que realizou ou mostrando o certificado daquele curso tão desejado e difícil de concluir.
Mas, como os recursos financeiros são escassos e os desejos de consumo e realização de experiências são ilimitados, o grande desafio do consumidor está em fazer escolhas a todo o momento. Os consumidores são forçados a repensar suas prioridades de consumo, pois seus rendimentos são limitados em relação aos seus desejos.
Além disso, contam com a indústria do compra-compra mostrando atrativos para consumidores incautos, cada vez mais direcionados ao seu perfil. Procura-se atrair o indivíduo oferecendo uma situação, muitas vezes, inversamente proporcional aos seus desejos, anseios e reserva financeira; não raro tornando seu consumo hedonista, num processo que leva à necessidade de buscar outras compras que reproduzam a sensação de prazer. O prazer do consumo pode gerar a compra por impulso de toda a sorte de produtos: o carro novo, o eletroeletrônico de última geração, o vestuário da moda etc., sem necessidade.
A relação entre dinheiro e felicidade é muito tênue. Sabemos se o dinheiro representa mais status social e breve alegrias ou uma felicidade duradoura, na forma que sentimos, relatamos e expressamos nossas conquistas com o dinheiro. O pulo do gato aqui é dosar consumo consciente e necessário e gastos em experiência e realização dos sonhos, com alegrias duradouras.
E você vive para contar boas experiências ou somente para consumir?
“Viver para contar” como dizia o escritor Gabriel Garcia Marques em seus livros de memórias.
Este Artigo foi publicado originalmente na minha Coluna de Finanças Pessoais no Jornal Diário de Suzano no dia 29 de agosto de 2019. Veja também neste link: http://bit.ly/2m3YotT
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